terça-feira, 12 de novembro de 2019

113-A PENA E O SABRE


113-A PENA E O SABRE

Tríplice suplício 
Franco-anglo-luso armistício 
Flamengo-flamenco-flâmula 
Prévio preceito artístico

O preconceito dejeta sua chama
Inflama sua cama
A mancha torpe da mortalha
Toalha torta e falha

No fio da navalha voa a fio o cangaço
Afiado estio
Teu regaço quebra os laços
Do Brasil mais varonil

Quem desenha hipnotiza
Visa o que não viu
Frenesi inchado no barril
Fiquei freguês a ver navio

Narrador de tudo o que não sabe
A pena do poeta é o seu sabre 
Que perfura perfídia perfeição 
Fere o mais álgido coração

Pedregulho, cascalho e algibeira
O mar que afoga não tem beira 
Tudo é o mais deserto antigo
Artigo do macabro ceifador

De dobrar a dor é do que vivo
Dose de abstêmia embriaguez 
A canção romântica adora a boêmia 
A noite, meretriz de traço esguio

Também ama sempre o ser mais vil 
Jura que todos são vampiros 
Pitorescos são todos os suspiros
De qualquer peito são febril

Ateu Poeta
05/08/2015

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