domingo, 13 de outubro de 2019

109-O ALAÚDE E O SÁBIA


109-O ALAÚDE E O SÁBIA

Mando o conto de fadas 
Às favas com o seu cartel
Se a amante for da elite
Até Afrodite descerá do céu

Qual será a sina
Deste pobre menestrel 
Sem alazão nem espada
Para seguir jornada

Em imenso quartel
E matar o bravo dragão 
Com ácidos golpes de fel?
Que fazer se a princesa for feia

O centro da aldeia
Um carrossel 
O mundo
Um castelo de areia

E o canto da sereia 
Ecoar no bordel?
Não é o preço que aperta e incendeia
Como a capoeira não está no chapéu

O apreço com força incandeia
Há grude na teia
Do perfume no véu 
Será o certo se algemar

A um só coração 
Em águas turvas mergulhar 
Serenata silvestre no ar
Criar um mar de canção

Ou viver em paz
Livre da paixão 
E fugir da gaiola
Como quem corre do cão?

Enquanto o poeta transforma
Quimera em sabiá
Eu voo com o meu alaúde 
E o bobo se ilude com a sábia

Ateu Poeta
11/10/2015

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