109-O ALAÚDE E O SÁBIA
Mando o conto de fadas
Às favas com o seu cartel
Se a amante for da elite
Até Afrodite descerá do céu
Qual será a sina
Deste pobre menestrel
Sem alazão nem espada
Para seguir jornada
Em imenso quartel
E matar o bravo dragão
Com ácidos golpes de fel?
Que fazer se a princesa for feia
O centro da aldeia
Um carrossel
O mundo
Um castelo de areia
E o canto da sereia
Ecoar no bordel?
Não é o preço que aperta e incendeia
Como a capoeira não está no chapéu
O apreço com força incandeia
Há grude na teia
Do perfume no véu
Será o certo se algemar
A um só coração
Em águas turvas mergulhar
Serenata silvestre no ar
Criar um mar de canção
Ou viver em paz
Livre da paixão
E fugir da gaiola
Como quem corre do cão?
Enquanto o poeta transforma
Quimera em sabiá
Eu voo com o meu alaúde
E o bobo se ilude com a sábia
Ateu Poeta
11/10/2015
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