82-AURORA DA SOLIDÃO
Meus olhos são mares de ardência
Na cadência do sangue e do sal
Já nem sei quem sou
O que se deu
O que aconteceu?
A vida acabou
Amigo
Abrigo
Serás sempre um brilho
Nos estribilhos do meu coração
Que por ora virou vácuo
Na aurora da solidão
Talvez, um dia, volte a bater
Com a altivez de outrora
Quem dera não houvesse ocaso
Fosse tudo arrebol
Mas, a morte tem esse anzol macabro
Que dará cabo de todos nós
Nós profundos
Que jamais desatam
Os versos desandam
Devaneios desacatam
O universo deságua
A verdade é dura feito noz
Lança que atravessa
Voz que vira pelo avesso
Inverso da foz
Feroz noite de inverno
Frio que não sara
Com nenhum cobertor
Ferida que estraçalha
Letras do dissabor
Primavera que não vem
Poema inacabado
Poética sem lirismo
Poeta esgotado
Ateu Poeta
06/07/2015
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